A obra de Elder na literatura expressa poesia, nas artes visuais, torna-se beleza. Um contemplativo, que observa esteticamente, não objetivamente, que se exprime pela sensibilidade e pela percepção instintiva e sentimental das relações direta com o fazer artístico.
Onde outros se preocupam para se fazer traduzir em criar um assunto, ele se contenta com algumas harmonias de linhas e tonalidades tomadas a objetos quaisquer, sem se deter nesses objetos em si mesmos, exigindo que os meios sejam constantemente transformados, recriados, a fim de exprimi-los em sua intensidade. Ganhando então em lógica sem perder em expressão e podendo ser imprevisto sem deixar de ser clássico pela “natureza”, pela originalidade de sua visão, pela beleza de sua matéria, pela riqueza de seu colorido, pelo seu caráter sério e durável e ainda pela sua amplidão decorativa.
Elder é um arquiteto do fazer artístico, busca incansavelmente retratar as características do visível e incessantemente em expressar o que ao mesmo instante é percebido e fugidio, que escapa aos nossos sentidos. A exposição “Caminhos e Veredas” apresenta seu anseio em transpor nas suas obras a percepção do momento em que ela se realiza. Por isso a necessidade de retratar a matéria no instante em que ela toma forma e se configura em sua espontaneidade.
Uma construção que segue rigorosamente as leis formais e cromáticas, e traz uma expressão de solidez e maturidade. O desenho é resultado da cor. Estas e outras questões técnicas, tão bem desenvolvidas na sua linguagem pictórica, não aparecem como simples apresentações das técnicas empregadas, mas propõem uma colaboração à compreensão da leitura do real, demonstradas em seus resultados alcançados.
Elder representa sobretudo a paisagem, naturezas-mortas, mas também retratos. Percebe-se a priori, que ele contempla, estuda e analisa suas paisagens, subtraindo-as em seus valores plásticos, sintetizando-as depois a diferentes volumes e planos que traça à base de pinceladas paralelas, onde àrvores, casas e demais elementos da paisagem são subordinadas à unidade de composição. Suas paisagens sertanejas exaltam com esmero o bioma do cerrado brasileiro. Já as suas numerosas naturezas-mortas, na grande maioria compostas por frutas e objetos e nos seus retratos, pelas suas estruturas de exploração formal exaustiva, marcam o seu grande momento clássico,
Assim, acredito que ele espera demonstrar pelo seu fazer artístico que é sincero e que trabalha para o melhor da arte, com sua obra franca, honesta e precisa, falando do seu gênio de artista e dizendo de sua bondade e humildade de homem.
Antonio da Mata
Curadoria da mostra
Direção técnica do MAG
Abril/2021